De barba grande e grisalha, cabelos bem cortados, e com uma tornozeleira eletrônica presa a uma das pernas, o ex-vereador e empresário Jorge Alcindo Furtado Abdon, conhecido como “Zeca Deabo” ou “Zeca Abdon”, mantém uma rotina de isolamento.
Há seis meses, ele permanece pensativo, muitas vezes na parte de superior de um prédio no bairro Santa Inês, no Centro de Macapá. Tudo isso após uma mega operação policial que desmantelou um esquema criminoso de crimes sexuais envolvendo menores, deixando Zeca sob monitoramento e sob os olhos atentos da Justiça.
Ele não pode sair da casa em que está aos finais de semana, é obrigado a se recolher às 18h e só pode sair novamente às 6h do dia seguinte, além de estar proibido de viajar para fora do estado sem autorização judicial.
As medidas foram impostas pela Justiça após ele ser um dos alvos da terceira fase da Operação Iuvenes, deflagrada no dia 17 de dezembro de 2024 pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (DERCCA).
COMBATE A EXPLORAÇÃO SEXUAL E O “CATÁLOGO” DE MENINAS
A operação, comandada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (DERCCA), prendeu empresários, servidores públicos, um personal trainer, uma jovem de 19 anos e o próprio ex-vereador. Segundo as investigações, os acusados mantinham relações sexuais com adolescentes entre 13 e 17 anos, coagidas por um homem que já havia sido preso na primeira fase da operação.
Esse intermediário montou um site que funcionava como um “catálogo”, onde os investigados escolhiam as vítimas. As meninas, todas em situação de vulnerabilidade social, eram pressionadas a ter relações sexuais em troca de pequenas quantias em dinheiro, transferências via PIX, lanches ou almoços.
POR QUE ZECA DEABO NÃO FOI PRESO?
No caso em questão, a acusação formal seria de exploração sexual de menores, crime que tem uma pena considerada mais branda que o estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de prisão.
Por isso, ele responde ao processo em recolhimento domiciliar monitorado, como explicou seu advogado, o criminalista Helder Carneiro, que destaca que as circunstâncias do processo podem levá-lo a cumprir eventual pena em regime semiaberto.
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