Um policial militar com 21 anos de carreira, foi preso em flagrante durante a operação “No Show”, deflagrada pela Polícia Federal do Ceará, com desdobramentos nos estados do Amapá e São Paulo. O oficial já integrou a Força Nacional e a Companhia de Operações Especiais (COE) da PM.
Durante as diligências, a PF flagrou o armazenamento de material entorpecente e munições de diversos calibres, incluindo armamento de uso restrito, em sua residência. Segundo os federais, as investigações indicam que o militar atuava como segurança de uma organização criminosa (Orcrim) envolvida no tráfico internacional de drogas.
NO SHOW
A operação deflagrada nesta terça-feira (6/5), tem como objetivo desarticular uma rede criminosa que utilizava “mulas” para transportar drogas do Brasil para países da Europa, como França, Portugal e Espanha. Embora a Polícia Federal não tenha divulgado oficialmente o nome do militar envolvido, o Portal Ney Pantaleão apurou com exclusividade que se trata do tenente Adalberto Clementino Leite, conhecido pelo nome de guerra A. Leite.
Segundo as investigações, o oficial teria transferido sua lotação para o município de Oiapoque, no 12º Batalhão de Polícia Militar, localizado na fronteira com a Guiana Francesa, com o intuito de facilitar a logística e o trânsito internacional de entorpecentes pela região.
Durante as buscas, os agentes encontraram aproximadamente um quilo de cocaína, sendo 830 gramas em forma de base livre (como crack, merla ou pasta base), acondicionada em um único pacote escondido dentro de uma caixa de sapato no guarda-roupa do policial.
Além disso, foram apreendidas uma balança de precisão, que provavelmente era utilizada para pesar e fracionar a droga e 250 munições de calibres variados, algumas de uso restrito, bem como carregadores de pistola, sem que houvesse qualquer documento ou registro que justificasse a posse dos materiais.
O laudo de constatação preliminar atestou que a substância apreendida trata-se de entorpecente. A suspeita é de que o tenente A. Leite atuava não apenas no suporte logístico da quadrilha, mas também na cooptação de novos membros e garantia da segurança das rotas utilizadas pela organização.
A Polícia Federal segue investigando os demais integrantes do esquema e as conexões internacionais da quadrilha. A operação continua em andamento nos três estados e novas prisões podem ocorrer nos próximos dias.
O QUE DIZ A DEFESA?
O advogado Charlles Bordalo, responsável pela defesa de Adalberto Clementino Leite, acompanhou o policial na sede da PF e orientou seu cliente a permanecer em silêncio, uma vez que o mandado de prisão foi expedido pelo estado do Ceará e, até o momento, a defesa ainda não teve acesso completo aos autos. Segundo Bordalo, a substância entorpecente foi localizada em um imóvel que pertence ao investigado, mas que está alugado para uma empresa. O advogado ressaltou que Adalberto se apresentou de forma espontânea às autoridades. Ele também afirmou que, tão logo mais informações sejam colhidas, elas serão repassadas à imprensa, a fim de evitar qualquer tipo de pré-julgamento.
O DIZ A POLÍCIA MILITAR?
O Comando da Polícia Militar informou que está acompanhando de perto os desdobramentos do caso. Segundo a diretoria de Comunicação da PM, o comandante-geral, coronel Costa Jr, já tinha conhecimento prévio dos fatos e vinha colaborando com as investigações da Polícia Federal, inclusive por meio da troca de informações entre os setores de inteligência das instituições. A corporação ressaltou que preza pela legalidade, transparência e rigor na apuração dos fatos, e que não hesitará em tomar as medidas cabíveis, inclusive “cortar na própria carne”, se necessário for.
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