Uma mensagem de ódio enviada por Loyanna Maria da Silva Santana, assessora do deputado federal Josenildo Abrantes (PDT-AP), vice-líder do governo Lula na Câmara, no dia 26 de fevereiro de 2025, chocou grupos políticos e indígenas ao vir a público mais de um mês depois, nesta segunda-feira (31).

No WhatsApp, Loyanna escreveu: “Silvia Nobre. Alguém precisa matar essa mulher”, em um grupo chamado União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (UPEI Brasil). A frase, longe de ser uma “brincadeira”, como ela tenta alegar, foi uma reação à indicação da deputada federal Silva “Waiapi” Nobre (PL-AP) para uma comissão sobre o Marco Temporal das terras indígenas.

O caso revela não apenas a violência política contra uma parlamentar autodeclarada indígena, mas também a tentativa de abafamento por parte do deputado Josenildo Abrantes, que, até o momento, não exonerou a assessora. Na contramão disso, a deputada Silvia Waiapi registrou queixa na Polícia Legislativa, que investiga a ameaça.
AMEAÇA DISFARÇADA DE “BRINCADEIRA”
Loyanna Santana, ao ser questionada pelo Portal Ney Pantaleão, minimizou o comentário, classificando-o como “infeliz” e afirmando que já pediu desculpas à deputada e ao seu chefe. No entanto, a gravidade da frase – uma incitação a morte de uma mulher política – não pode ser ignorada. “Estão dando ênfase a uma brincadeira”, disse Loyanna, antes de encerrar a ligação alegando atender outra chamada.
A justificativa é frágil e revela uma tentativa clara de desviar a atenção do teor criminoso da mensagem. Em um país onde a violência política, especialmente contra mulheres indígenas, é uma realidade crescente, falas como essa não podem ser tratadas como mero deslize.
BASTIDORES DE UMA POLÍTICA TÓXICA
O episódio escancara o ambiente hostil que permeia a política do Amapá. A indicação de Silvia Waiapi para a comissão do Marco Temporal, feita pelo presidente da Câmara, Hugo Mota, parece ter sido o estopim para a explosão de ódio da assessora. O tema é sensível e divide opiniões, mas a reação de Loyanna ultrapassa o debate político – é uma ameaça à vida de uma parlamentar eleita democraticamente.

Além disso, a demora na exoneração de Loyanna expõe a leniência do deputado Josenildo Abrantes. Se ele realmente repudiasse a atitude da assessora, a medida imediata seria sua demissão. Em vez disso, a situação permanece em investigação, enquanto o mandatário tenta, segundo fontes, “abafar o caso”.
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