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“Alguém precisa matar essa mulher”, diz assessora de deputado do Amapá sugerindo assassinato de deputada indígena em grupo de WhatsApp

O caso expõe clima de hostilidade e intolerância na política do Estado, enquanto o deputado Josenildo Abrantes tentava abafar o caso.

Ney Pantaleão
3 Min Read

Uma mensagem de ódio enviada por Loyanna Maria da Silva Santana, assessora do deputado federal Josenildo Abrantes (PDT-AP), vice-líder do governo Lula na Câmara, no dia 26 de fevereiro de 2025, chocou grupos políticos e indígenas ao vir a público mais de um mês depois, nesta segunda-feira (31).

"Alguém precisa matar essa mulher", diz assessora de deputado do Amapá sugerindo assassinato de deputada indígena em grupo de WhatsApp
Mensagem extraída do grupo de WhatsApp.

No WhatsApp, Loyanna escreveu: “Silvia Nobre. Alguém precisa matar essa mulher”, em um grupo chamado União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (UPEI Brasil). A frase, longe de ser uma “brincadeira”, como ela tenta alegar, foi uma reação à indicação da deputada federal Silva “Waiapi” Nobre (PL-AP) para uma comissão sobre o Marco Temporal das terras indígenas.

"Alguém precisa matar essa mulher", diz assessora de deputado do Amapá sugerindo assassinato de deputada indígena em grupo de WhatsApp
Loyanna Santana estaria sob a proteção do chefe, o deputado federal Josenildo Abrantas, há mais de um mês.

O caso revela não apenas a violência política contra uma parlamentar autodeclarada indígena, mas também a tentativa de abafamento por parte do deputado Josenildo Abrantes, que, até o momento, não exonerou a assessora. Na contramão disso, a deputada Silvia Waiapi registrou queixa na Polícia Legislativa, que investiga a ameaça.

AMEAÇA DISFARÇADA DE “BRINCADEIRA”
Loyanna Santana, ao ser questionada pelo Portal Ney Pantaleão, minimizou o comentário, classificando-o como “infeliz” e afirmando que já pediu desculpas à deputada e ao seu chefe. No entanto, a gravidade da frase – uma incitação a morte de uma mulher política – não pode ser ignorada. “Estão dando ênfase a uma brincadeira”, disse Loyanna, antes de encerrar a ligação alegando atender outra chamada.

"Alguém precisa matar essa mulher", diz assessora de deputado do Amapá sugerindo assassinato de deputada indígena em grupo de WhatsApp

A justificativa é frágil e revela uma tentativa clara de desviar a atenção do teor criminoso da mensagem. Em um país onde a violência política, especialmente contra mulheres indígenas, é uma realidade crescente, falas como essa não podem ser tratadas como mero deslize.

BASTIDORES DE UMA POLÍTICA TÓXICA
O episódio escancara o ambiente hostil que permeia a política do Amapá. A indicação de Silvia Waiapi para a comissão do Marco Temporal, feita pelo presidente da Câmara, Hugo Mota, parece ter sido o estopim para a explosão de ódio da assessora. O tema é sensível e divide opiniões, mas a reação de Loyanna ultrapassa o debate político – é uma ameaça à vida de uma parlamentar eleita democraticamente.

"Alguém precisa matar essa mulher", diz assessora de deputado do Amapá sugerindo assassinato de deputada indígena em grupo de WhatsApp
A deputada federal Silvia Waiãpi.

Além disso, a demora na exoneração de Loyanna expõe a leniência do deputado Josenildo Abrantes. Se ele realmente repudiasse a atitude da assessora, a medida imediata seria sua demissão. Em vez disso, a situação permanece em investigação, enquanto o mandatário tenta, segundo fontes, “abafar o caso”.

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