O que era para ser um evento cultural de valorização da sétima arte e dos direitos humanos tornou-se motivo de indignação para muitos pais e mães de alunos da Escola Estadual Barão do Rio Branco, localizada no Centro de Macapá. Um filme com classificação indicativa para maiores de 18 anos foi exibido na terça-feira (19) para cerca de 100 alunos da instituição, provocando forte reação da comunidade escolar, durante a 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, realizada nos dias 18, 19, 21 e 22 de novembro.
O episódio ocorreu no Cine Teatro Territorial, localizado na própria escola, durante a exibição do longa-metragem “Cidade; Campo”, um filme que envolve drama e suspense que tem duração de duas horas. A controvérsia começou quando uma cena explícita de sexo entre duas mulheres, descrita por uma das atrizes como “uma das mais ousadas já feitas para cinema e TV”, foi apresentada. O momento, que durou cerca de um minuto, gerou gritos e constrangimento entre os estudantes, forçando a paralisação do filme pela organização do evento.
CONVIDADOS A ASSISTIR
De acordo com relatos de alunos presentes, a direção da escola teria convocado as turmas a participarem do evento sem apresentar informações claras sobre o conteúdo do filme. Após a exibição da cena polêmica, a direção percorreu as salas de aula pedindo desculpas e orientando os estudantes a não comentarem o ocorrido com os pais. Também foi solicitado que apagassem eventuais gravações feitas com celulares, sob ameaça de advertência.
A tentativa de conter a repercussão falhou, e uma reunião foi organizada com pais e mães para abordar o incidente. A escola limitou-se a emitir um pedido de desculpas e uma nota de repúdio, sem detalhar medidas para evitar situações semelhantes no futuro.
PAIS E MÃES REAGIRAM
Pais e responsáveis manifestaram indignação. “É um absurdo que a escola tenha permitido a exibição de um filme inadequado para menores sem qualquer tipo de filtro ou aviso prévio. Além de expor nossos filhos, tentaram silenciar as famílias”, declarou uma mãe revoltada que preferiu não se identificar.
SEM MANIFESTAÇÃO
O Portal Ney Pantaleão entrou em contato com a secretaria de Estado da Educação (SEED), mas até o momento, não houve retornou ou se manifestou publicamente sobre o caso. O evento foi organizado pelo curso de licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá (Unifap), com apoio do Movimento de Iniciativa Cultural Liberdade ao Rock, do Clube da Coxinha, da própria escola e do Cine Teatro Territorial, espaço inaugurado em 1946 e símbolo do cinema local.